O desenrolar das investigações da Lava Jato está deixando
claro que a presidente afastada se enredou até o último fio de cabelo no
esquema que drenou dinheiro das nossas estatais.
Certa dose de mitologia vem sustentando que Dilma Rousseff
não teria se beneficiado do petrolão. Acredita quem quer. Afinal, o maior esquema de corrupção da
história do país se desenrolou na empresa cujo conselho de administração ela
presidiu durante boa parte da roubalheira. Uma segunda frente de propinas vinha
da área na qual a petista foi ministra, a de energia. Além disso, suas duas
vitórias eleitorais foram abastecidas com farto dinheiro sujo.
O desenrolar das investigações da Operação Lava Jato, com a
adição de novas delações, está deixando claro que Dilma enredou-se até o último
fio de cabelo no esquema criminoso que drenou dinheiro da Petrobras, em
especial, e de outras estatais em geral. Em alguns casos, o envolvimento
capilar da presidente afastada foi literal.
A petista teria tido despesas
pessoais pagas por dinheiro da propina vinda de empresas com negócios com o
Estado. Seu cabeleireiro, cuja sessão de trabalho custa cerca de R$ 5 mil, foi
um dos destinatários da grana. Mas não só. O entorno da presidente afastada
também está todinho enrolado na trama.
Segundo as delações divulgadas
neste fim de semana, também Anderson Dornelles, fiel escudeiro da presidente
afastada desde seus tempos de Rio Grande do Sul, recebia polpuda mesada de
empreiteiras. Já o chefe de gabinete dela, Giles Azevedo, articulava doações
milionárias para as campanhas de Dilma. Ainda hoje ele faz companhia à chefe no
Palácio da Alvorada.
Voltando um pouco mais no tempo, Erenice Guerra, que foi
secretária-executiva e sucedeu a Dilma na Casa Civil, já havia sido acusada de
transformar o ministério num verdadeiro balcão de negócios, tocado como
quitanda familiar.
As novas revelações reforçam, ainda, o envolvimento de Dilma
Rousseff com a compra superfaturada da refinaria de Pasadena pela Petrobras.
Não há dúvida: a petista sabia que a estatal estava se metendo numa operação
danosa para suas finanças. O prejuízo acabou chegando a quase R$ 3 bilhões,
dinheiro que, em parte, pagou campanhas do PT - em especial, as presidenciais
de 2010 e 2014.
As delações que estão vindo a público reforçam a necessidade
de levar adiante as investigações no âmbito da Lava Jato. O país clama pela limpeza geral que os
processos, se conduzidos com equilíbrio e com direito dos envolvidos à ampla
defesa, podem trazer para a democracia e o sistema político brasileiro.
No âmbito mais imediato, as descobertas enfatizam a
necessidade de o Senado dar célere prosseguimento ao processo de impeachment da
presidente afastada. Há razões de sobra a justificar seu afastamento
definitivo. O quanto antes isso acontecer, melhor será para
que o país vire, definitivamente, esta página deplorável da nossa história.
Carta de
Formulação e Mobilização Política - Segunda-feira, 6 de junho de 2016.Este
e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão
disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela.
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Editado por: Edison Franco.
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