PRESIDENTE DE HONRA
DO PSDB
Presidente da estabilidade econômica, do fim da inflação, do
Plano Real, da responsabilidade fiscal. Presidente das reformas, da
modernização, da recuperação monetária, da abertura do País. Presidente que
inseriu milhões de brasileiros no mercado formal e que introduziu os programas
de distribuição de renda. Presidente da República por dois mandatos
consecutivos. Presidente de honra do PSDB. Presidente, sociólogo, pesquisador,
professor. Aos 80 anos, Fernando Henrique Cardoso é a maior liderança nacional e
patrimônio político do PSDB.
Em seus oito anos de governo, entre 1995 e 2002, o Brasil
mudou. A hiperinflação que destruiu a economia brasileira na década de 80 e no
início dos anos 90 foi domada, com os índices se mantendo na faixa de um dígito
anual. Além de permitir a estabilidade monetária e econômica, o controle da
inflação cumpriu um amplo papel social ao proteger a renda do trabalhador – que
não tinha instrumentos financeiros para preservar seu salário diante da
disparada dos preços. Fernando Henrique ainda promoveu reformas fundamentais
para a modernização da infraestrutura a partir da abertura para investimentos
privados nos setores de energia elétrica, telecomunicações, petróleo, mineração
e transporte.
Renegociação das dívidas de estados e municípios,
privatização de bancos públicos e estatais, reestruturação do sistema
financeiro nacional, reformas administrativa e da Previdência Social foram
outras iniciativas que colocaram o País em outro patamar em termos de gestão do
Estado e contas públicas. Na área social, os dois governos de Fernando Henrique
universalizaram o acesso à educação fundamental, à Previdência Social e ao
atendimento básico de Saúde. Seus programas de transferência de renda
garantiram a proteção das famílias menos favorecidas. Mesmo criticadas pelos
adversários, suas políticas econômica, social e institucional foram mantidas
nos anos seguintes.
Fernando Henrique já era um intelectual reconhecido e
acadêmico de sucesso quando decidiu entrar para a política partidária no meio
da década de 70, no auge da ditadura militar. Convidado por Ulysses Guimarães,
então presidente do MDB, passou a colaborar na elaboração da plataforma
eleitoral do partido para as eleições legislativas de 1974.
Formado em Sociologia
pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da instituição desde 1952,
Fernando Henrique se engajou em movimentos pela melhoria da educação pública e
modernização da universidade. Com o golpe de 1964, começou a ser perseguido
acusado de ser comunista. Com uma ordem de prisão expedida, ele partiu para o
exílio no Chile e na França.
Nesse período, trabalhou como pesquisador na Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), onde elaborou a “teoria da
dependência” dos países latino-americanos, no livro Dependência e desenvolvimento
na América Latina. A obra o projetaria como um dos mais importantes cientistas
sociais da época.
Depois de estreitar seus laços com o MDB, Fernando Henrique
resolveu candidatar-se pela primeira vez em 1978. Disputou uma vaga no Senado
Federal e tornou-se suplente de Franco Montoro. Assumiu o mandato em 1983,
depois que Montoro foi eleito governador de São Paulo. Nessa época, já havia se
tornado um dos principais líderes de um movimento que começou timidamente, mas
que tomou as ruas do País em 1984. A campanha das Diretas Já reuniu partidos e
tendências políticas distintas em mobilização pela emenda Dante de Oliveira,
que restabelecia eleição direta para presidente da República.
Com a rejeição da proposta pelo Congresso, participou da
articulação para a candidatura, em eleição indireta, de Tancredo Neves à
Presidência da República pelo PMDB. Gozava da confiança de Tancredo e teria
participação efetiva na futura administração.
A morte do presidente eleito e a
ascensão de José Sarney acabaram afastando-o do centro de comando do primeiro
governo civil depois da ditadura. Reeleito ao Senado em 1986 assumiu a
liderança do partido durante a Assembleia Constituinte. Em 1988, fundou o PSDB,
com Montoro, Covas, Serra e outras lideranças políticas.
Depois do impeachment de Fernando Collor, em setembro de
1992, Fernando Henrique foi convidado pelo presidente Itamar Franco para
assumir o Ministério das Relações Exteriores. Ficou como chanceler por pouco
mais de seis meses.
Com a agravação do quadro econômico, foi
nomeado ministro da Fazenda, onde coordenou uma equipe de economistas e
acadêmicos que elaboraria um plano de estabilização com medidas drásticas de
controle do déficit público, reforma monetária e a criação de uma nova moeda. O
Real, que começou a circular em 1º de julho de 1994, foi um marco para a
estabilidade econômica do País.
Depois de elaborar e coordenar todo
o Plano Real, Fernando Henrique deixou o ministério em março daquele ano, para
ser o candidato do PSDB nas eleições presidenciais daquele ano. Foi eleito no
primeiro turno. Seu mandato ficou marcado pelo fim da inflação, estabilidade
econômica e a modernização do País. Repetiria o desempenho eleitoral em 1998,
quando se tornou o primeiro presidente brasileiro a disputar e a ganhar a
reeleição. Os oito anos de gestão tucana consolidaram a política e os
fundamentos da nova economia brasileira.
Depois do fim de seu segundo mandato, em 2002, Fernando
Henrique foi nomeado presidente de honra do PSDB. Em 2004, fundou o Instituto
Fernando Henrique Cardoso (iFHC), onde está todo o seu acervo. Passou a atuar
como conferencista no Brasil e no exterior.
É diretor ou membro de órgãos e instituições internacionais,
como Clube de Madrid, do Inter-American Dialogue, do World Resources Institute
e da United Nations Foundation. Participa também da Clinton Global Initiative.
Recebeu condecorações, prêmios e títulos na Europa, Estados Unidos e América
Latina.
Ao longo de sua vida acadêmica, lecionou nas Universidades de
Santiago, no Chile; da Califórnia (Stanford e Berkeley), nos Estados Unidos; de
Cambridge, na Inglaterra; de Paris-Nanterre, na École des Hautes Études en
Sciences Sociales, e no Collège de France, na França.
Foi presidente da Associação Internacional de Sociologia
(1982-1986), recebeu o título de Doutor Honoris Causa de mais de 20
universidades e é membro honorário estrangeiro da American Academy of Arts and
Sciences.
Nos últimos anos, passou a defender o debate sobre a
descriminalização das drogas e o fracasso da atual política de combate ao
tráfico. É integrante da Comissão Latino-Americana de Drogas e Democracia.
Fernando Henrique foi casado durante
55 anos com a antropóloga e professora Ruth Cardoso. Tiveram três filhos. Aos
77 anos, Ruth morreu em 2008.
Imagens cedidas pelo iFHC – Instituto Fernando Henrique
Cardoso
Editado por: Edison Franco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário