Em entrevista à Folha na qual se posiciona com
clareza como candidato à Presidência da República, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) atacou a política macroeconômica de Dilma Rousseff e acusou a
presidente de ser "leniente" com a inflação e de querer "até
controlar o lucro de empresários". Em congresso de tucanos, FHC reclama de desunião no PSDB O
tucano criticou a falta de autonomia do Banco Central para evitar alta nos
preços e disse que o PSDB tem "tolerância zero" com a inflação.
"Quando o dragão começa a colocar a cabeça para fora, sabemos que
é difícil colocá-lo na caixa de novo", diz. A partir de conversas com o
ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, seu principal conselheiro na
área econômica, o senador promete, num futuro governo tucano, fazer o país
crescer pelo menos de 4% a 5% ao ano. Em meio a criticas aos adversários, o
senador Aécio Neves faz uma autocrítica, na entrevista à Folha,
sobre o desempenho dos tucanos na últimas três eleições presidenciais, quando
foram derrotados pelo PT.
"Não por deméritos dos nossos candidatos, mas não conseguimos
fazer com que parcela importante do Brasil voltasse a sonhar com um
desenvolvimento social mais amplo", diz ele. O senador reconhece que seu
partido perdeu a batalha para os petistas em torno da paternidade dos
programas sociais e diz que o PSDB precisa se "renovar na expectativa
das pessoas"."Se tivéssemos feito isso, teríamos ganhado as
eleições", avalia o senador, destacando porém que nas últimas campanhas
"fomos para o segundo turno, com votações expressivas tanto do Serra
como do Alckmin".
Depois de assumir a presidência do PSDB em maio, o senador vai criar
um "gabinete paralelo" para, de um lado, monitorar as principais
áreas do governo Dilma e, de outro, preparar a plataforma de sua candidatura
ao Palácio do Planalto. Seu "shadow cabinet" começará a funcionar
em agosto; definirá seis áreas do governo e designará especialistas para
ajudar a contrapor e a propor ideias. Um dos focos é o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento), ao qual chama de "falácia".
À Folha, o tucano posicionou-se a favor da união civil
entre gays e afirmou que a polêmica em torno do pastor Feliciano (PSC-SP)
"já foi longe demais", classificando o congressista como
"despreparado". Para o senador, é uma "lenda urbana",
alimentada por seus inimigos, à acusação de ter feito "corpo mole"
em seu Estado para a campanha do tucano José Serra à Presidência da República
em 2010. "Ficarei muito satisfeito e tenho certeza de que terei em São
Paulo o apoio que ele teve em Minas", disse.
O senador poupa de qualquer reparo o governador Eduardo Campos
(PSB-PE), virtual adversário e com perfil político semelhante ao dele, mas
mandou um recado cifrado ao, como diz amigo: "não vou anunciar meus
encontros no Twitter ou Facebook". Trata-se de uma referência às
movimentações do pernambucano para atrair a simpatia de empresários.
Principal oposição ao PT no país, ele não vê hipótese de um segundo
turno em 2014 sem o PSDB, mas reclamou de um debate eleitoral prematuro:
"Acho que o fantasma da candidatura do ex-presidente Lula pairava sobre
o Planalto com muita consistência, e isso começava a incomodar. Por isso
anteciparam". Segundo Aécio, o efeito colateral disso foi deixar a
presidente da República "refém do fisiologismo", "sem
autonomia" e dedicada à "saciar o apetite por cargos e verbas da
base do governo".
"Alguém pode achar que essa chamada reforma ministerial em curso
tem por objetivo melhorar a qualidade do governo? Ela sequer conhece essas
pessoas que está colocando lá. Nem no período Sarney houve uma entrega tão
grande dos espaços do poder sem qualquer critério.” Aécio não concorda com a
fama de "bon-vivant". "Trabalho das 8h da manhã às 22h.
Deixaria os bon-vivants decepcionados."
Quando instado a responder críticas de que passa mais tempo no Rio do
que em Minas, sua base eleitoral sorriu e, logo, saiu-se com esta: "Se
gostar do Rio for um defeito, é um defeito que a cada dia aumenta um pouco. E
gosto de São Paulo também, viu." A seguir, trechos da entrevista
concedida em um hotel em São Paulo na última sexta-feira, onde esteve para
mais uma jornada ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Folha - Qual sua receita para a economia?
Aécio Neves - Essa política
nacional-desenvolvimentista, que acha que o Estado tem de ser o indutor do
crescimento econômico, não deu certo. O câmbio flutuante, instrumento
importante para suavizar impactos da variação externa de preços, já não
existe, é um câmbio quase rígido.
Mas esse "cambio controlado" ajuda a indústria
exportadora, que o PT acusa o PSDB de praticamente destruir?
O problema da indústria exportadora se dá pelo custo Brasil, da
logística inexistente. O Brasil, que já participou com cerca de 2,2% do
comércio externo, hoje caiu para 1%. Se continuar assim, teremos 0,7% em dez
anos.
Mas vocês não costumam dizer que o PT seguiu a
política econômica tucana.
Desde a saída do [Antonio] Palocci, ex-ministro da Fazenda, os
pressupostos macroeconômicos vêm se fragilizando. Há uma leniência do governo
com a inflação, a presidente Dilma é leniente com a inflação. No governo do
PSDB, tolerância zero com a inflação. O PT nunca foi muito claro com isso,
desde que votou contra o Plano Real. Nos dez anos de governo do PT, apenas em
três anos o centro da meta foi alcançado. No governo Dilma, não será em
nenhum dos anos. Isso é gravíssimo. A população que recebe hoje dois salários
mínimos e meio já tem inflação de alimentos de 14%. Quando o dragão começa a
colocar a cabeça para fora, sabemos que é difícil colocá-lo na caixa de novo.
O Sr. defende subir os juros para baixar a
inflação?
Defendo que o Banco Central tenha total autonomia para fazer o que
considerar necessário. Se avaliar que é preciso subir juros para conter a
inflação que ele mesmo diz ser preocupante, então tem de subir os juros. O
que não pode é haver uma interferência política, uma interferência com viés
eleitoral.
Subir juros gera desemprego, como receitam
economistas críticos do governo Dilma?
Acho que é possível controlar a inflação sem riscos maiores de
desemprego. O Brasil tem gerado empregos, mas de baixa qualidade. A educação
é uma herança maldita que o PT deixará e está comprometendo o futuro do
crescimento do país.
Mas os indicadores de Minas em educação não são
tão diferentes do Brasil.
Não, são melhores. Minas têm hoje no IDEB a melhor educação fundamental do Brasil. Estamos na frente
em matemática, em todas as séries pesquisadas. Temos de adequar os currículos
à realidade de cada região. Não se pode achar que as expectativas de um jovem
do centro de São Paulo sejam as mesmas do que mora no Acre. Vejam, o tempo
médio de escolaridade no Brasil é de 7,5 anos. Na Bolívia é de 9, Argentina,
12 anos. Não houve nenhum avanço na educação no governo do PT, continuamos na
rabeira do continente.
Mas se acordasse hoje presidente da República e
tivesse de tomar uma decisão entre controlar a inflação, mesmo que tivesse de
diminuir o emprego, o que faria?
Ninguém vai tomar medida para aumentar o desemprego. É possível ser
intolerante com a inflação sem gerar desemprego, garantindo competitividade
ao Brasil, fazendo investimentos corretos.
O PT acusa o governo FHC de ser campeão dos juros
altos.
São períodos diferentes, enfrentamos crises internacionais seguidas, e
a agenda prioritária era o controle da inflação.
O Senhor diz que o empresariado reclama da
presidente...
A presidente quer controlar até o lucro dos empresários. Eles têm de
acompanhar é a qualidade do serviço e o que isso representa de bem estar da
população. É natural, no capitalismo, goste ou não dele, que o lucro seja
compatível ao risco do investimento.
Mas eles acusam o PSDB de desmontar o Estado e
fazer privatizações sem controle, rendendo lucros elevados ao empresariado?
Olha, demoraram quase dez anos para fazer concessões ao setor privado.
Fizeram isso lá atrás com uma visão equivocada, que deveriam ter a menor
tarifa, no caso das concessões rodoviárias. Tudo bem, belo conceito, mas
trágico para o Brasil. Resultado: as obras não foram feitas, os investimentos
não foram feitos.
O PT diz que o governo tucano acabou com a
capacidade de gerenciamento do Estado...
A lógica deles é criar uma nova estatal, é a quinta neste governo,
sabe-se lá para o quê, é mais um ministério ali. Você sabe que, quando o
governo FHC terminou, havia no âmbito na Presidência, um dado que mostra um
pouco a lógica do PT, 1.200 cargos comissionados. Hoje são mais de 4.000
cargos comissionados. Isso é ilógico, é irracional; é, como diz o empresário
Jorge Gerdau, uma burrice muito grande.
A dona de casa viu o governo anunciar luz mais
barata e o sr. defender a Cemig. Não ficou do lado errado?
Não, nós também defendemos a diminuição das tarifas. Propusemos uma
redução até maior, mais 6%, com diminuição do PIS/COFINS nas contas de luz. O
governo do PT, com um populismo enorme, fez disso uma moeda eleitoral. Dilma
fez uma intervenção no setor e viu que foi equivocada. Hoje, todas as
distribuidoras [de energia] estão pedindo financiamentos ao governo e vão
receber dinheiro do Tesouro, o dinheiro da dona Maria, que tinha de ir para
saúde, educação.
O sr. criticou a situação fiscal no governo...
Estão gerando uma bomba H, e não vejo ninguém com autoridade no
governo para desarmar essa bomba. O governo estimulou o crescimento na base
da expansão do crédito, pelo lado da demanda, mas 60% das famílias estão
endividadas, 25% com contas atrasadas. Conversei com economistas brasileiros
e estrangeiros, na presença do presidente FHC. Eles falam que hoje a crise
está sendo superada, na Europa com mais lentidão, Estados Unidos já estão se
recuperando. Mas o Brasil não é mais a bola vez, não é mais o queridinho do
mundo. Os olhos do mundo voltados para o Brasil são de enorme desconfiança.
Então, temos uma propaganda avassaladora em que conseguem o disparate de
apresentar a Petrobras, que vive a maior crise da sua história, como a mais
exitosa da história. A troca do sistema de concessões pelo de partilha se
mostrou um equívoco. O sistema de concessões é muito mais acertado.
Não teme ser acusado de fazer uma política contra
Petrobras?
Ao contrário, o momento em que a Petrobras atraiu mais investimento
privado foi sob FHC. A Colômbia copiou o modelo de concessão do Brasil e
passou a Petrobras em valores de mercado hoje. A política de subsídio de
preços, como foi feita, assassinou o setor de etanol. Hoje estamos importando
etanol dos Estados Unidos. O Brasil hoje é o Brasil da insegurança, do
improviso, isenções e desonerações para determinados setores. Você abre o
jornal de cada dia para saber quem são os beneficiados do dia, isso não é
política macroeconômica responsável.
Quanto acha que a economia no governo tucano pode
crescer?
Eu vou ousar aqui, repetindo o que disse outro dia o ex-presidente do
BC Armínio Fraga, no governo do PSDB, com as medidas que deveriam ser tomadas
rapidamente, o Brasil pode crescer acima de 4%, 5% de forma sustentada.
O Senhor fala como candidato, age como candidato,
assume um tom na entrevista de candidato, mas ainda não diz oficialmente que
é candidato.
(Risos) O PSDB terá candidato, não tem direito de negar ao país um
projeto alternativo a este que está aí, que tem levado o Brasil tanto do
ponto de vista econômico quanto social a uma extrema preocupação. Mas não
vamos nos antecipar em função da agenda de outros. Houve uma antecipação da
agenda eleitoral por parte da presidente da República.
Por quê?
Acho que o fantasma da candidatura do ex-presidente Lula pairava em
torno do Palácio do Planalto com muita consistência, e isso começava a
incomodar. A antecipação ampliou muito as expectativas da base aliada por
espaço no governo, que já era muito grande e hoje é quase que incontornável.
Hoje o governo se move para atender e saciar o apetite por cargos e verbas da
base do governo. A lógica é a da reeleição e não tem espaço para qualquer
discussão de interesse real do país.
Essa não é uma lógica de todos os governos?
Não de forma tão prematura quanto agora. A base diz assim: ora, se a
presidente já está em campanha, queremos saber qual é nosso espaço neste
latifúndio de poder. Com isso, ela nos dá liberdade de caracterizar todas as
ações dela como eleitorais. Alguém pode achar que essa chamada reforma
ministerial em curso tem por objetivo melhorar a qualidade do governo? Claro
que não, ela sequer conhece essas pessoas que está colocando lá! Ela busca é
acrescentar alguns segundos a mais na propaganda eleitoral.Sempre houve concessões
a partidos aliados? Sim, mas jamais no nível atual. Acho que nem no período
Sarney houve uma entrega tão grande dos espaços do poder sem qualquer
critério. Teve no governo Lula e se ampliou com Dilma.
Está dizendo que Dilma é fisiológica?
Ela é vitima hoje de uma armadilha construída pelo próprio PT, chamado
de governismo de coalizão. Lamentavelmente vejo uma presidente sem autonomia.
E hoje temos crescimento medíocre e uma inflação fora de controle; indústria
paralisada. Tenho feito conversas por toda parte, e ouço muitas críticas, mas
não coloco minhas conversas no Facebook ou no Twitter.
O Senhor está dando recado para o governador
Eduardo Campos (PSB-PE), que tem mostrado sua movimentação com empresários?
Não, não.
Alguns dizem que não assumir é dar margem para
desistir. O senhor pode amarelar?
(Risos) Sou hoje candidato a presidente do partido, e estarei pronto
para qualquer missão. Tudo a seu tempo. Não vamos estabelecer nossa
estratégia a partir da dos outros. Eu venho de uma escola que diz que a arte
da política é a administração do tempo.
Tempo esse que atropelou o PSDB nas últimas
eleições.
Enfrentamos condições dificílimas de crescimento econômico e uma
popularidade altíssima do presidente Lula. Numa eleição você não entra só para
ganhar. Por isso não temos pressa, temos de ter consistência.
Faltou isso nas últimas campanhas do PSDB?
Talvez sim. Não por demérito dos candidatos, que todos apoiamos. Mas
não conseguimos fazer com que parcela importante do Brasil voltasse a sonhar
com um desenvolvimento social mais amplo. Se tivéssemos feito isso, teríamos
ganhado as eleições.
Mas vocês só fizeram se distanciar dessa parte do
eleitorado...
Nós tivemos problemas, mas, apesar das derrotas, sempre fomos para o
segundo turno com votações expressivas, tanto do Serra como do Alckmin. O
PSDB continua sendo a principal alternativa de poder a esse modelo que está
aí.
A presidente, no início do governo, elogiou o
ex-presidente FHC. Hoje, critica. O que ocorreu?
Acho que em ao menos um dos episódios ela não foi sincera.
Em qual deles?
Cabe a ela dizer.
Nas últimas eleições, o PSDB escondeu FHC. O que
fará com ele?
Eu não tenho qualquer dificuldade em reconhecer que o Brasil de hoje é
parte de uma construção coletiva, que ao meu ver se inicia no governo Itamar
Franco, pois coube a ele dar o aval à elaboração do Plano Real, elaborado
pela equipe do presidente Fernando Henrique, que consolidou a estabilização
econômica. O governo Lula também colocou tijolos importantes nesse processo.
O Brasil de hoje é uma construção de todos esses governos. Tenho conversado
com diversos campos da economia.
Quais?
Tenho muito cuidado de falar nomes porque parece que estou vinculando
pessoas ao projeto do PSDB, mas estou procurando pessoas que não
necessariamente sejam afinadas com o PSDB. Estou falando com economistas
tanto da Casa das Garças quanto da Unicamp.
Todos os campos? Algum trotskista?
Não tive tempo ainda (risos). Não quero citar nomes, pois amanhã o
cara começa a ser visto como tucano...
É ruim ser visto como tucano? Qual será a
plataforma para 2014?
Estamos definindo um grupo de pessoas para construirmos propostas novas.
Vou falar isso pela primeira vez. A partir de agosto, vamos criar aquilo que
chamaria de "shadow cabinet". Não é para cuidar de 40 ministérios,
mas definir cinco ou seis áreas de ações do governo, com pessoas
identificadas, para serem referência de pensamento nessas áreas. Faremos
avaliação do PAC. Quero elencar os dez maiores projetos do país e nos
dedicarmos a eles.
O Eduardo Campos é bom gestor?
Ele é um gestor moderno, inclusive disse muitas vezes publicamente que
se inspirava em Minas. Temos um governo federal ineficiente e sem
instrumentos de controle interno. Criei em Minas auditorias internas dentro
de cada órgão. Fizemos um governo sem escândalos, sem desvios.
O Senhor está falando do mensalão?
Sem fazer nenhum juízo de valor no mensalão, em relação ao processo do
mensalão, mas conceitualmente, transmitiu-se ao país o sentimento de que os
tubarões passaram a ser alcançáveis.
Quando o Supremo julgar o mensalão mineiro, que
envolve o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), vai dizer a mesma coisa?
Por mais que eu ache que sejam coisas diferentes, obviamente a decisão
da Justiça tem de ser respeitada em qualquer situação.
Mas e o mensalão mineiro, não pode afetar sua
campanha a presidente?
Vamos deixar que julgue, tem de ser julgado. Não conheço em
profundidade o processo.
Não teme impacto na eleição se o mensalão mineiro
for julgado no próximo ano?
Não acredito, porque eventuais crimes que tenham sido cometidos, e
temos de esperar o julgamento, são individualizados. O PT tinha um discurso
de que ele era diferente de todos os outros partidos. Mostrou que não é. O
PSDB tem uma conduta moral extremamente respeitada, não que seja imune a
qualquer problema. Mas os julgamentos, no caso do PT, contaminam um pouco o
partido. Não sei se as eleições. Sinceramente, se você me perguntar se acho
que a presidente Dilma tem algo a ver com aquela coisa, sinceramente não
acho.
Acha que o ex-presidente Lula teve?
Não posso julgar, não sou juiz, se não teria mudado de carreira. Não
quero fazer esse julgamento.
Quando o ex-governador José Serra vai apoiá-lo?
Eu tenho orgulho de ser correligionário do Serra, e tenho muita
convicção de que ele vai estar neste projeto.
Mas ele sempre reclamou que, em Minas, não teve o
apoio necessário nas suas eleições, porque você teria feito corpo mole nas
eleições dele.
Não é verdade, isso é mais uma dessas lendas urbanas que se criam. O
desempenho do Serra em Minas foi extraordinário pelas circunstâncias. Ele
ganhou em Belo Horizonte da Dilma, que é da cidade, como vocês sabem, ela é
mineira. O Serra encerrou sua campanha em Belo Horizonte, ele sabe, já me
disse isso, que fizemos o que era possível. Agora, sempre vai ter essa lenda
urbana, de pessoas que não jogam para o conjunto, de criticar. Ficarei muito
satisfeito e tenho certeza de que terei em São Paulo o apoio que ele teve em
Minas.
Deseja que o governador Eduardo Campos seja
candidato a presidente?
As candidaturas de Eduardo e de Marina Silva são muito importantes.
Mas ele não tem um perfil muito parecido com o
seu...
Recebo isso como um elogio.
E se correr na sua faixa?
Acho que isso o que você está dizendo nos aproxima, sou amigo dele, e
espero que ele viabilize sua candidatura. O que ele vem mostrando é a
fragilidade do atual governo e o fracasso das medidas visando o crescimento,
a ausência do governo nessa calamidade que se tornou essa seca, a maior dos
últimos 50 anos no Nordeste, com medidas absolutamente paliativas, sem
planejamento de médio e longo prazos. Ele ajuda a melhorar o debate sobre
isso. A Marina vai trazer a preocupação com a sustentabilidade, o que tem de
permear todas as discussões que vamos ter.
Num eventual segundo turno, entre você e a
presidente Dilma, quem você acha que o Eduardo Campos apoiaria?
Seria um desrespeito dizer ao Eduardo quem ele deve apoiar.
Tem alguma hipótese de, num eventual segundo
turno, o PSDB não estar nele?
Não acredito.
O que você acha da polêmica em torno do pastor
Feliciano (PSC-SP), na Comissão de Direitos Humanos da Câmara?
Eu acho que deixaram isso ir longe demais. Ele mostrou ser um sujeito
totalmente despreparado, independentemente de suas convicções. Ele está
fazendo um grande marketing pessoal, as pessoas não compreenderam isso ainda.
Criaram um problema que agora vão ter de desatar.
É a favor da união civil gay?
Eu já me manifestei mais de uma vez. Sou a favor. É a realidade do
mundo moderno, ninguém é contra a realidade do mundo. Isso já foi. Respeito
quem tem posição divergente lamento apenas que a pauta da Câmara esteja
concentrada nisso.
Na última eleição travou-se uma polêmica sobre o
aborto. Qual sua posição?
Defendo a atual legislação.
Vários inimigos seus exploram seu estilo de vida,
que gosta muito de ir ao Rio de Janeiro...
Eu digo que se gostar do Rio for um defeito, é um defeito que cada dia
aumenta um pouco (risos). E gosto de São Paulo também, viu. Olha, eu passei
boa parte da minha infância e da adolescência no Rio, o que é absolutamente
natural eu gostar de lá.
E quanto à fama de bon-vivant?
Não escondo o que sou, sou um homem do meu tempo, e tenho posições e
clareza de minhas atitudes e quero ajudar o Brasil dar um salto de qualidade.
E é isso que sou, disso que estou imbuído. Obviamente, quem se expõe num
projeto como esse tem de estar preparado para as críticas. Eu as recebo há
muito tempo, e os resultados das eleições que disputei estão aí. As pessoas
estão preocupadas é com que o homem público pode fazer por elas. Olha, um
homem como eu, que trabalha de oito da manhã às dez da noite, dizer que eu
sou um bon-vivant, isso deixaria os que realmente são bon-vivant
decepcionados
Posted: 07 Apr 2013 04:03 AM PDT-"CoroneLeaks (Coturno
Noturno)"
Editado por: Edison Franco.
|